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Marília De Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga 「PDF」

Marília de Dirceu reúne a maior parte da breve produção literária de Tomás Antônio Gonzaga.

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Marília De Dirceu 「PDF」 - Tomás Antônio Gonzaga

Marília de Dirceu reúne a maior parte da breve produção literária de Tomás Antônio Gonzaga.

As liras que compõem esta obra, muito além de um extravasamento amoroso, são um diálogo com os acontecimentos políticos,
sociais e artísticos testemunhados pelo poeta e foram compostas, em parte, em seu período de cárcere, que antecedeu o exílio.

Marcada pelo dualismo entre o universo imanente que é a arte e a realidade como ponto de partida,
entre o presente turbulento do século XVIII e a Antiguidade clássica, "Marília de Dirceu" influenciou
toda a literatura brasileira vindoura, prenunciou o Romantismo e tornou-se um dos mais importantes clássicos de nossa língua.

Num período em que o Brasil era parte do Império Português e em que literatura brasileira e portuguesa ainda não se distinguiam,
Tomás Antônio Gonzaga deu alguns dos primeiros passos rumo a uma literatura nacional.






Análise da obra Marília de Dirceu




Personagens da obra Marília de Dirceu

Alceste ou Glauceste (Cláudio Manuel da Costa)

Alceu (Alvarenga Peixoto)

Cupido

Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga)



Eulina

Laura

Marília (Maria Doroteia)

Vênus





Tempo da obra Marília de Dirceu





Os acontecimentos e sentimentos expostos na obra Marília de Dirceu estão relacionados ao final do século XVIII.

Espaço da obra Marília de Dirceu
O livro está ambientado em Vila Rica (atual Ouro Preto), no estado de Minas Gerais, e possivelmente na ilha das Cobras, no Rio de Janeiro.

Enredo da obra Marília de Dirceu
Não existe um enredo propriamente dito, mas fatos fragmentados sobre Dirceu e Marília. Na maior parte do livro, publicado em 1792, Marília é a interlocutora de Dirceu, já que o poeta dirige suas palavras a ela. O personagem tenta convencer a amada de que ele não é qualquer pastor, pois os outros, segundo ele, respeitam "o poder do [seu] cajado".

Ele também faz elogios à amada e, a todo momento, evidencia sua beleza e perfeição. Ela é assim descrita por ele:

Os teus olhos espalham luz divina,

A quem a luz do Sol em vão se atreve;



Papoula ou rosa delicada e fina

Te cobre as faces, que são cor de neve.

Os teus cabelos são uns fios d’ouro;

Teu lindo corpo bálsamo vapora.

Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,

Para glória de Amor igual tesouro.

Desse modo, o livro mistura poesia com narrativa. Dirceu compara Marília ao próprio amor. Também relata que, quando se apaixonou por ela, se dispôs a servir à amada, levava o gado dela para beber na "fonte mais clara" e ao prado "de relva melhor". Fala também da resistência de Marília em corresponder ao seu amor.



Para dar uma ideia do próprio estado amoroso, Dirceu usa uma alegoria. Conta que um dia encontrou o deus do amor "descuidado", sem as flechas na mão. Logo "a raiva acende no coração" e Dirceu matou Cupido. Porém, Marília se compadeceu e, chorando, lavou as feridas dele com as lágrimas, o que acabou ressuscitando Cupido, ou seja, o amor.

Dessa forma, Dirceu conclui que enquanto vive "Marília bela/ Não morre Amor". Porém, Dirceu tem a consciência da efemeridade das coisas e exorta Marília a aproveitar "o tempo, antes que faça/ O estrago de roubar ao corpo as forças,/ E ao semblante a graça". E, usando Glauceste como interlocutor, diz que sua amada Eulina é inferior a Marília.

Na primeira parte da obra, ele também sugere haver determinada pastora interessada nele, o que causa ciúme em Marília. Ele então a tranquiliza ao dizer: "Nunca receies/ Dano daquela/ Que igual não for". Mais uma vez, atesta a superioridade de Marília. E novamente relata um acontecimento que envolve Cupido.

O deus do amor estava conversando com seus Gênios, e um deles comparou o coração de Dirceu a uma rocha, pois as flechas batiam e se quebravam. Afirmou: "Só as graças de Marília/ Podem vencer um tão duro,/ Tão isento coração". Cupido então aproximou Marília a Dirceu, e o pastor se apaixonou. Além desse, outros episódios que envolvem o deus do amor são relatados.

Já na segunda parte da obra, Dirceu, apesar do estado em que se encontra, obedece ao amor e continua a falar de seu sentimento por Marília. Diz estar em uma "cruel masmorra tenebrosa", onde se lembra dos "olhos belos" da amada. Afirma que o que o levou ali foi uma "vil calúnia".

Nessa situação, seu loiro cabelo vai branquejando e caindo, e seu rosto, perdendo a cor e enrugando. Relembra acontecimentos vividos ao lado da amada, em um ambiente bucólico, onde ele colocou uma ovelha no colo e "mil coisas ternas" lhe disse. Mas Marília percebeu que as palavras eram direcionadas a ela e não à ovelha.

Assim, ele alterna sua dura realidade com a lembrança da amada, a única coisa que o impede de desistir:



Nesta triste masmorra,

De um semivivo corpo sepultura,

Inda, Marília, adoro

A tua formosura.

Ao contrário da primeira parte, em que tudo se passa em um ambiente agradável e bucólico, na segunda parte, o espaço é uma masmorra. Em comum, elas têm o amor o tempo todo sendo declarado e os elogios à beleza de Marília. Dirceu continua seu lamento e diz que "a sorte impia" roubou tudo dele em um só "funesto dia" e o meteu em uma "infame sepultura", "masmorra, escura".

Ainda assim, ele tem a companhia de Marília, por meio da lembrança e de suas cartas, que dizem para ele seguir seu destino, além de lhe prometer lealdade. No entanto, na terceira e última parte, ocorre a despedida:

Parto, enfim, e vou sem ver-te,



Que neste fatal instante

Há-de ser o teu semblante

Mui funesto aos olhos meus.





Narrador da obra Marília de Dirceu




O narrador da obra é o personagem Dirceu, mas ele também pode ser considerado o eu lírico, já que a história transita entre os gêneros lírico e narrativo.



Características da obra Marília de Dirceu
A obra Marília de Dirceu é dividida em três partes. A primeira é composta por 33 liras. A segunda, por 38 liras. Por fim, a terceira parte tem nove liras e 14 sonetos. Esse livro é pertencente ao arcadismo brasileiro, portanto possui as seguintes características:

◦ pastoralismo;

◦ amor e mulher idealizados;

◦ referências greco-romanas;

◦ fugere urbem (fugir da cidade);

◦ aurea mediocritas (mediocridade áurea);


◦ locus amoenus (lugar ameno);

◦ inutilia truncat (cortar o inútil);

◦ carpe diem (aproveitar o momento).





Tomás Antônio Gonzaga




Tomás Antônio Gonzaga nasceu em 11 de agosto de 1744, em Porto, cidade portuguesa. Era filho de um brasileiro e de uma portuguesa. Em 1752, o autor passou a morar no Brasil, em companhia de seu pai, que ocupou o cargo de ouvidor-geral de Pernambuco. Aqui, estudou no colégio de jesuítas, na Bahia.


Voltou a Portugal em 1761 para estudar leis na Universidade de Coimbra. Por volta de 1782, se tornou ouvidor-geral de Vila Rica, em Minas Gerais. Nessa cidade, ficou noivo de Maria Doroteia (a Marília de Dirceu). Mas o casamento não se realizou, pois o poeta foi acusado de conspiração, preso e condenado ao degredo em Moçambique, onde faleceu em 1810.

Contexto histórico de Marília de Dirceu
Os fatos apresentados em Marília de Dirceu estão situados no contexto do século XVIII no Brasil. Portanto, se referem ao período que precedeu a Inconfidência Mineira, mas também ao período em que Tomás Antônio Gonzaga estava preso, à espera do julgamento que o levou ao degredo.

A Inconfidência Mineira foi uma conspiração ocorrida em 1789, no estado de Minas Gerais. Estiveram envolvidos intelectuais, padres e militares, como o alferes Tiradentes. Inspirados pelos ideais iluministas, eles pretendiam conseguir que o estado de Minas se transformasse em um país independente.

 





Estrutura da Obra





Marília de Dirceu é um longo poema lírico e narrativo. Escrito em versos, a linguagem utilizada é simples.

Quanto à estrutura, a obra está dividida em três partes, com um total de 80 liras e 13 sonetos.

Primeira parte: composta por 33 liras que foram publicadas em 1792.
Segunda parte: composta por 38 liras que foram publicadas em 1799.
Terceira parte: composta por 9 liras e 13 sonetos que foram publicadas em 1812.
Os protagonistas da história são os pastores de ovelhas: Marília e Dirceu. Ele representa a voz do poema (eu lírico).

Interessante notar que o espaço, ou seja o local em que se passa a história, não é revelado na obra.

Saiba mais sobre o poeta Tomás Antônio Gonzaga.


Você Sabia?
A lira é um instrumento musical de cordas. Na literatura, ela designa uma poesia cantada. Na Grécia antiga, as poesias eram acompanhadas pela lira.





Análise da Obra




Marília de Dirceu é uma das mais importantes do movimento árcade no Brasil. As principais características são: romantismo, bucolismo, pastoralismo, descrição e culto à natureza e à simplicidade.

De caráter autobiográfico, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) escreveu essa obra inspirado na sua própria história de amor.

Conheceu sua musa inspiradora quando estava morando e trabalhando como Ouvidor Geral na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Seu nome era Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão.



Chegaram a ficar noivos, entretanto, Tomás foi acusado de conspiração, uma vez que estava envolvido com o movimento da Inconfidência Mineira.

Sendo assim, ele foi preso e exilado na África, se afastando de sua amada. Nesse tempo, escreveu a obra que o consagraria.

Confira a obra na íntegra, fazendo o download do PDF aqui: Marília de Dirceu.


Marília De Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga 「PDF」


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