João da Cruz e Sousa - Broquéis - 10 - Braços





João da Cruz e Sousa - Broquéis - 10 - Braços


Braços nervosos, brancas opulências,

Brumais brancuras, fulgidas brancuras,

Alvuras castas, virginais alvuras,

Lactescências das raras lactescências.


As fascinantes, mórbidas dormências

Dos teus abraços de letais flexuras,

Produzem sensações de agres torturas,

Dos desejos as mornas florescências.


Braços nervosos, tentadoras serpes

Que prendem, tetanizam como os herpes,

Dos delírios na trêmula coorte...


Pompa de carnes tépidas e flóreas,

Braços de estranhas correções marmóreas,

Abertos para o Amor e para a Morte!



João da CRUZ E SOUSA (1861 - 1898) foi um poeta brasileiro, considerado um dos precursores do movimento simbolista no Brasil. Seus poemas são marcados pela musicalidade e pelo sensualismo, mesclado com uma espiritualidade e religiosidade de maneira às vezes espantosa. Broquéis foi seu livro de estréia, e contém algumas de suas obras mais famosas, como o poema Antífona, peça de abertura do livro.




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