Luís Vaz de Camões - Soneto 14 - Esta o Lascivo e Doce Passarinho





Luís Vaz de Camões - Soneto 14 - Esta o Lascivo e Doce Passarinho


Está o lascivo e doce passarinho

Com o biquinho as penas ordenando;

O verso sem medida, alegre e brando,

Despedindo no rústico raminho.


O cruel caçador, que do caminho

Se vem calado e manso desviando,

Com pronta vista a seta endireitando,

Lhe dá no Estígio lago eterno ninho.


Desta arte o coração, que livre andava,

(posto que já de longe destinado)

Onde menos temia, foi ferido.


Porque o frecheiro cego me esperava,

Para que me tomasse descuidado,

Em vossos claros olhos escondido.




 Luís Vaz de Camões - Soneto 14 - Esta o Lascivo e Doce Passarinho