Está o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as penas ordenando;
O verso sem medida, alegre e brando,
Despedindo no rústico raminho.
O cruel caçador, que do caminho
Se vem calado e manso desviando,
Com pronta vista a seta endireitando,
Lhe dá no Estígio lago eterno ninho.
Desta arte o coração, que livre andava,
(posto que já de longe destinado)
Onde menos temia, foi ferido.
Porque o frecheiro cego me esperava,
Para que me tomasse descuidado,
Em vossos claros olhos escondido.
By Sanderlei Silveira
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